sábado, 24 de novembro de 2012

De como os comunistas do Oriente aprenderam com os capitalistas do Ocidente ou de como Che Guevara tornou-se conterrâneo de Bob Marley

Nesta semana, a Casa de Cultura Mário Quintana tem exibido gratuitamente a Mostra África Hoje (em alusão ao dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra). Ontem conferi três documentários, mas falarei brevemente de dois deles:

* Subverses (ou "China in Mozambique") (Ella Raidel, 2011, 45 min, Moçambique): Ali aparece como o capital chinês vislumbrou na realidade africana uma forma de enriquecimento “lícito” a partir da corrupção do governo moçambicano e da exploração da mão-de-obra local (em regime de semi-escravidão: além dos salários baixíssimos, os trabalhadores não têm direito a descanso semanal remunerado nem podem protestar por melhores salários e condições de trabalho, pois correm o risco de apanhar da polícia por simplesmente protestarem). O documentário mostra como os chineses não apenas reproduzem, como "aperfeiçoam" o formato de exploração europeia e norte-americana (sim, o imperialismo não conhece fronteiras) a partir de um caso específico: o da construção do Estádio Nacional de Moçambique. Há outros casos exibidos no documentário, mas este é o mote da narrativa fílmica.


* Dias de Sea Point (Sea Point Days) (François Verster, 2008, 96 min, South Africa). Várias questões interessantíssimas são suscitadas no decorrer do filme que se passa em uma praia de Cape Town, na África do Sul, mas vou citar apenas uma. Numa das cenas, aparece um rapaz mulato, vestido da cabeça aos pés com roupas e acessórios de grife, como Oakley, Billabong, etc. O curioso é que, em sua camiseta de marca, há a imagem estampada de Che Guevara. O rapaz acha, primeiramente, que o cara que estampa sua camiseta é irlandês e fuma marijuana. Depois, ele se corrige e diz: “Não, ele era jamaicano” (!!!). Ah, tá! Agora entendi: se Che era maconheiro, ele só podia ser jamaicano, né? Faz sentido...




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